Ética em Auditorias de Certificação

Por Marcelo Adriano Rego – Auditor Líder

 

Quando uma empresa declara publicamente que possui um sistema de gestão certificado por um organismo certificador independente, isto deveria significar que quem concedeu tal certificação não possui qualquer vínculo ou conflito de interesse com a organização certificada.  Porém nem sempre é o que acontece na prática.

Para garantir a credibilidade dos organismos certificadores acreditados, os acreditadores destas organizações pelo mundo estabelecem regras rígidas para coibir práticas que possam comprometer a lisura dos processos de certificação, com base em determinações do IAF (International Accreditation Forum), órgão que congrega todos estes acreditadores e contribui para a uniformização dos processos de acreditação de certificadoras pelo mundo.

No Brasil o papel de acreditação dos organismos certificadores compete ao Inmetro, que realiza esta atividade com base nas diretrizes da norma ISO/IEC 17021:2015, que trata sobre requisitos para organismos que proveem auditorias e certificações de sistemas de gestão. A seção 4.2.4, por exemplo, desta norma estabelece que ameaças de interesse próprio como, por exemplo, uma certificadora ou uma pessoa que atua em seu nome tomando decisões com base em interesse próprio podem comprometer a imparcialidade de uma certificação. A seção 7.3 da mesma norma também define que os organismos certificadores devem exigir que auditores e especialistas técnicos tenham um acordo por escrito para se comprometerem com políticas e procedimentos da organização, e este acordo deve abordar aspectos relacionados a confidencialidade e independência de interesses comerciais e de outros tipos com a organização que está sendo auditada.

Na prática, isto significa que nenhum auditor ou organismo certificador poderia possuir qualquer tipo de negócio com a organização certificada além do serviço de certificação propriamente contratado.

No entanto, alertamos a todos, especialmente aos nossos clientes, que infelizmente temos visto com alguma frequência no mercado alguns auditores oferecendo seus serviços durante suas auditorias de certificação e, com isso, colocando em risco a credibilidade e até mesmo a manutenção das suas certificações.  Quando uma organização auditada aceita uma oferta de prestação de serviço por parte do auditor da certificadora que o avalia, por exemplo, pode passar a ideia de que sua certificação ocorreu somente porque beneficiou financeiramente o auditor.

Quando uma organização mantém negócios paralelos com um organismo certificador ou auditor que a certifica, corre o risco de ser denunciada junto ao acreditador e, com isso, perder a sua certificação, assim como o organismo certificador envolvido corre o risco de perder sua acreditação para certificar empresas.

Por isso, é importante que as organizações que são assediadas por auditores ou organismos certificadores sem compromisso com a ética, denunciem esta prática e evitem se sujeitar a estas ofertas, minimizando assim o risco de serem diretamente prejudicadas por esta prática.

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